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    Cúpula Árabe em Brasília

    • BIOFLORESTAL
    • Eventos/Imprensa
    • 11 maio 2005

    Do leste ao oeste: Ceará e Rondônia oferecem negócios aos árabes

    Isaura Daniel, enviada especial

    Brasília – Não são apenas nas grandes capitais do Brasil que chegaram as notícias sobre a potencialidade do mercado árabe. Em cidades desconhecidas, até pela maioria da população brasileira, há industriais e agropecuaristas interessados em aliar-se aos homens de negócios do mundo árabe.

    No encontro empresarial que terminou ontem (11), em Brasília, havia uma série deles. O prefeito de Quixadá, município com 75 mil habitantes do estado do Ceará, veio até a capital federal com um projeto de investimento traduzido para o árabe embaixo do braço. A intenção é convencer os empresários do Oriente Médio e Norte da África a investirem nele.

    Ilário Marques pretende transformar o município que administra e seus arredores em um pólo de produção de ovinos e caprinos. O prefeito não pede muito. Com R$ 7 milhões ele acredita que é possível começar um projeto piloto e colocar em pé um frigorífico, um centro de treinamento de mão-de-obra, um banco genético e um programa de assistência técnica aos pecuaristas.

    Hoje, a criação de caprinos e ovinos no município é feita apenas de forma doméstica e isolada pelos produtores. “Queremos organizar a cadeia produtiva pensando nos árabes, de acordo com as condições que eles exigem. Eles investiriam na produção e depois a carne seria exportada para os países árabes”, afirma Marques.

    De Rondônia

    Assim como Marques, mas com menos assistência, o empresário Waldecy de Oliveira também circulava pelo Centro de Convenções Ulysses Guimarães em busca de quem acreditasse no potencial do seu negócio.

    Oliveira tem uma empresa agropecuária, a Agro-Bioflorestal, e produz guaraná, urucum e Nim Indiano, uma árvore cujas folhas são usadas para fabricação de fungicidas naturais, em Rondônia. O urucum serve para a fabricação de corantes. O pequeno agroindustrial quer exportar para os árabes.

    A participação na cúpula veio após um convite do Itamaraty. Oliveira, na verdade, integra um grupo de 230 famílias que produzem 600 toneladas de urucum por ano e 100 toneladas de guaraná. Cada um, assim como o Oliveira, cultiva entre 50 e 100 hectares.

    Os produtores também fazem parte de uma Organização Não-Governamental (ONG), a Fundação Floresta em Perigo, que busca alternativas de renda, que levem em conta a preservação da biodiversidade, para os moradores da região.

    Oliveira ainda não exporta diretamente, mas os seus produtos chegam ao exterior por meio de uma multinacional da área de corantes, a Chr Hansen, que é dinamarquesa e tem sede no Brasil. Outras cinco pequenas e médias empresas do mercado interno compram os produtos do empresário.

    Corajoso, Oliveira resolveu viajar a Brasília atrás dos árabes mesmo sem falar inglês. Deixou cartões com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) e está confiante que mesmo que não ocorram negócios agora, terá atingido um dos seus objetivos que era divulgar o seu projeto. “Mas poderão sair negócios com os brasileiros que encontrei”, afirma.

    Por integrar a ONG, Oliveira também tratou, em suas conversas no centro de convenções, de falar sobre o potencial da região onde mora, com o objetivo de atrair possíveis investidores. De acordo com o empresário, há produção de arroz e gado na região, mas faltam empresas interessadas em beneficiar e comercializar os produtos.

    Fonte: ANBA